Nos dias 15 e 16 de outubro de 2020 aconteceu a segunda sessão do ciclo (Des)Codificar Masculinidades. O evento foi dedicado às repercussões do #MeToo nos media portugueses, uma das áreas temáticas do projeto DeCodeM: (Des)codificar Masculinidades.

No primeiro dia (15) houve uma breve apresentação dos resultados parciais do projeto e uma mesa redonda que discutiu a situação atual da mediatização da violência e do assédio sexuais nos media portugueses. O segundo dia (16) contou com um contributo de Tina Askanius, consultora do projeto, sobre o #MeToo nos países escandinavos e com uma mesa redonda dedicada à questão “Houve um #MeToo português?”. As duas mesas redondas reuniram jornalistas, especialistas de media e ativistas na área da violência sexual.

O movimento #MeToo, de 2017, foi largamente noticiado em Portugal, em parte devido ao facto de várias atrizes envolvidas nas denúncias a Harvey Weinstein serem conhecidas do público português. A comunicação social acompanhou o desenvolvimento do movimento nos Estados Unidos e as suas traduções em países como a França (#BalanceTonPorc), mas prestou apenas atenção marginal às apropriações do movimento noutras zonas do mundo (Suécia, Egito e Índia, por exemplo).

Com esta sessão, o projeto DeCodeM pretendeu promover uma discussão sobre a forma como os media portugueses cobriram os desenvolvimentos do #MeToo no estrangeiro; como a cobertura mediática de alguns casos portugueses (maioritariamente) judiciais, e controversos, foi influenciada pelo movimento; e como conceções e ideais difundidos na esfera mediática portuguesa contribuíram para incluir, restringir ou excluir os debates sobre masculinidades, violência sexual e assédio sexual gerados em torno do #MeToo.

Discutiu-se também como a cobertura mediática portuguesa foi orientada para o acontecimento e não para a problemática. O facto de o movimento #MeToo ter suas origens fora das fronteiras do país, também indica que este pouco contribuiu para uma tomada de conscienência pública do assédio enquanto forma de violência.

O vídeo da mesa-redonda de abertura: “Houve um #MeToo português? Os media contribuíram pra isso?” pode ser visualizado aqui abaixo e os demais vídeos com as discussões ocorridas nos dois dias de evento já estão disponíveis no Canal CES.