Porque é que o #MeToo é mais do que uma caricatura
This is an opinion article written by Júlia Garraio, for Público newspaper. The text talks about the #MeToo movement, sexual violence, and the various dimensions of harassment, which vary according to power relations, racial and also socioeconomic issues in which women find themselves.
“Pacheco Pereira (P.P.) acusou recentemente o #Metoo de ser reacionário, puritano e hostil à heterossexualidade, num texto que reduz um movimento diverso e complexo, nas suas tantas expressões geográficas, a uma caricatura.
Antes de tudo, uma clarificação: nada na identidade sexual de P.P. inviabiliza ou desvaloriza o seu contributo para o debate. Casos mediáticos pós-#Metoo como os que atingiram Kevin Spacey e Avital Ronnel envolveram precisamente alegadas vítimas masculinas. O problema do texto de P.P. tão pouco se prende com a falta de “experiência vivida” que supostamente legitima a palavra. O que torna o seu texto tão problemático é a forma como invisibiliza questões centrais do #MeToo e, nesse esforço, ecoa certos lugares-comuns que tanto têm contribuído para a perpetuação da cultura machista que P.P. diz repudiar”.
Image: Bertrand Guay | AFP